No
que concerne à experiência sobre a exposição de Alberto Banal na Estação Ciência
Cultura e Artes, pude conhecer sobre a cultura quilombola e por que não dizer
da minha cultura? Por que há essa resistência em uma assimilação da cultura
negra, afro e que remonta às nossas origens? Sabemos que durante muitos anos,
africanos foram deportados para o Brasil sendo considerados como coisas, mercadorias
assim também como seres sem alma, podendo ser usados por seus donos como estes
bem quisessem. De acordo com o que foi dito, podemos notar o quanto é difícil
nos reconhecer enquanto cultura negra, quilombola, indígena, afro. Assumir-se
como negro traz estigmas e está no imaginário da sociedade como ligado ao
escravo, enquanto considerado ser sem alma, e que não presta. Consequentemente,
há uma espécie de barreira ao reconhecimento da identidade negra.
Há
no Brasil, uma supervalorização das ditas culturas “de fora”, americana e europeia,
mostrando-se como culturas ideais e racionais e modelo a ser copiado e seguido,
rejeitando-se as raízes negras e indígenas, pois estes são considerados
enquanto inferiores e anticivilizados em relação àquelas. Neste sentido,
precisamos aprender sobre a nossa cultura e valorizá-la. “Os governadores, na
república dos Índios, aprendem índio”.[1] Em
relação aos quilombolas, podemos observar que existe um grande desejo para que
a educação seja voltada para a comunidade e para o autorreconhecimento enquanto
negro, que possui um elemento de identidade ligado à terra e ao resgate e
valorização da cultura que possibilite apreender as origens dos antepassados,
diminuindo a dificuldade ao declarar-se negro e quilombola, que como já foi
dito, traz estigmas e preconceitos.
Algo
importante a ser observado é que uma educação com base em uma valorização da
cultura quilombola, não exclui a possibilidade dessas comunidades terem contato
com tecnologias e ainda assim serem quilombolas ou indígenas. Por conseguinte,
veremos desde pessoas fabricando louças de barro, como fazendo cursos de
fotografias com câmeras digitais sem perderem sua identidade.
Não
há como se pensar em território quilombola sem a identidade. Este território é
o lugar onde eles estabeleceram vínculos com a natureza, pescam, caçam,
descobrem lugares, ou seja, a experiência é infinita. É o lugar em que seus
antepassados viveram, e que eles, agora, ouvem as histórias. Histórias essas
difíceis, de lutas, marcadas por trabalhos desgastantes na colheita da cana, como
as que foram narradas por Zé pequeno, João Paulo e Dona Severina.
Para
finalizar, depois de uma manhã a apreciar as fotografias dos jovens e de
Alberto Banal, tive a oportunidade de assistir Dona Lourdes moldar as louças a
partir do barro, ouvindo histórias e músicas cantadas por Zé pequeno.
A
mostra revela sua fundamental importância ao mostrar que o povo quilombola
apesar de esquecido pela sociedade, está vivo, e que deve viver com qualidade com
seus direitos que muitas vezes são renegados, assegurados.
[1]
SANTOS, Boaventura de Sousa; A gramática
do Tempo: Para uma nova cultura política. São Paulo: Cortez, 2006. P.202
12 de maio: encontro com a monitora quilombola Rosângela (quilombo Matão) |
20 de maio: assistindo a fala de João Paulo (quilombo Pedra d'Água) |
Zé Pequeno (quilombo Negros das barreiras) |
Dona Lourdes (quilombo Grilo) |
Dona Severina (quilombo Senhor do Bonfim) |
Bianca e os seus colegas do Curso de Direito na UFPB |
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