quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

40 Negros, comunidade quilombola de Triunfo, recebe reconhecimento da Fundação Cultural Palmares


O presidente da Fundação Cultural Palmares, no uso de suas atribuições, certificou a comunidade 40 Negros, localizada no município de Triunfo (PB), como remanescentes dos quilombos. 
O ano de 1952 marca o início da história da comunidade dos 40 Negros, na cidade de Triunfo, com a chegada de parte da família Pereira, oriunda de Pombal (PB), após vários conflitos registrados naquela cidade. Questões internas, como brigas, ameaças, disputas por terras, incêndios em plantações, fizeram com que 40 integrantes de uma mesma família resolvessem procurar outro local para se estabelecer, por conta da violência instalada, resultando, inclusive, em mortes. 
Desta forma, em 1952, os moradores de Triunfo viam entrar na cidade um grupo de 40 negros, entre homens, mulheres e crianças, procurando um local tranquilo para viver. Após ter passado por São José de Piranhas (PB) e Quixeramobim (CE), o grupo foi orientado pelo místico José de Moura, muito conceituado e procurado na época, a se estabelecer em Triunfo, ainda pertencente ao município de São João do Rio do Peixe (PB). 
Recebidos pela família Teodoro, os 40 negros, que descobriu-se recentemente serem remanescentes de uma comunidade quilombola de Pombal, se estabeleceram, inicialmente, no Sítio Gamela, onde passaram a trabalhar na agricultura e na produção de farinha de mandioca. Já na vila, os homens passaram a realizar serviços braçais e as mulheres foram trabalhar nas casas das famílias locais. 
Nos últimos anos, a luta dos descendentes dos pioneiros, estimados em mais de 150 pessoas, mantendo tradições como uma banda cabaçal, era justamente pelo reconhecimento oficial da Comunidade dos 40 como remanescente de um quilombola, passando a usufruir benefícios assegurados às várias comunidades descobertas no Brasil nos últimos anos. 

Fonte: Coisas de Cajazeiras - Comunidade quilombola de Triunfo recebe reconhecimento da Fundação Cultural Palmares (coisasdecajazeiras.com.br)

 Mais notícias:

ANDRADE, Erika Vanessa Lisboa. Os Quarenta tradição e identidade de uma comunidade negra na cidade de Triunfo - PB da década de 1950 aos dias atuais https://drive.google.com/file/d/14G9vSTblTnGfJcnzFDbIE4Ovvyh_3wVK/view?usp=sharing 

OLIVEIRA, José Olivandro Duarte de – PINHEIRO, Anderson Angel Vieira. A presença (en)cantadora dos “quarenta” em triunfo – pb: fitas, nuances e danças de uma banda cabaçal. https://drive.google.com/file/d/1hiDRw_yHrHXzXJkeNDiOQTLha55Hez-5/view?usp=sharing

domingo, 6 de dezembro de 2020

Informações sobre a comunidade quilombola de Matão

Localização: Município de Gurinhém/PB
Distancia de João Pessoa: 76 km
Número de famílias: 40
Certidão Fundação Cultural Palmares: 17/11/2004
Abertura do processo: 2005 - Número do processo     54320.000413/2005-13

RTID (Relatório Técnico de Identificação e Delimitaçãopublicado no DOU (Diário Oficial da União): 12 e 13/11/2009
Decreto de desapropriação - Portaria publicada no DOU: 06/02/2013
Dimensão da área a titular: 214,0022 hectares
Imissão de posse da primeira parcela de 118 hectares: 03/12/2020

Localização do Quilombo Matão
Certidão Fundação Cultural Palmares
Árvore genealógica do parentesco do Matão



Publicações sobre Matão

Laudo Antropológico - INCRA - João Pessoa 2009. Parte 1

Rodrigo de Azeredo Grünewald. Os Negros do Matão: Etnicidade e Territorialização.








quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

LUTAR NÃO FOI EM VÃO. O QUILOMBO MATÃO RESGATA SUA TERRA por Luís Zadra

Hoje de manhã tivemos a alegria de assistir a imissão de posse da terra do quilombo Matão. Se passaram quase 10 anos de luta e espera a partir do laudo antropológico que reconhecia a legitimidade do sonho da comunidade em ter seu território de volta. 
O oficial de justiça junto aos representantes do INCRA entregou na mão da comunidade a fazenda Santo Antônio de 117 hectares. Vai a fazenda e fica a terra do santo dos pobres. A terra volta finalmente aos seus legítimos proprietários. Está bem abaixo da comunidade, um lugar abençoado onde antigamente tinha também um plantio de fruteiras que era fartura para todos. Esta terra cabe todinha no olhar satisfeito e emocionado dos presentes que a observam com carinho. 
Esta terra é nossa é o grito de todos e os tambores do grupo de percussão “oloduMatão” espalha na redondeza o som da ancestralidade de liberdade enquanto uns fogos pipocam para dar voz ao grito reprimido na garganta por muitos anos. 

O Matão foi muito desprezado, mas resgatou nestes anos o gosto de se reconhecer e ser reconhecido. A bandeira dos quilombos erguida no alto de uma cerca é acariciada por um vento manso e testemunha que este lugar agora não tem um dono, tem muitos donos, uma comunidade quilombola de mais de 40 famílias. Enquanto no salão da comunidade procedem os atos oficiais da imissão de posse, uma chuva improvisa presságio de um bom futuro, abençoa esta mãe terra que era cativa e que agora será a mãe de todos: das suas entranhas brotarão sementes, flores e frutos. 

A alegria é grande embora a prevenção pelo covid-19 que ronda também as comunidades quilombolas iniba os abraços e as manifestações do sentimento de satisfação. Será grande a festa, mais adiante. Nos prometemos que com o começo das chuvas bem próximas este baixio ficará verde; plantaremos fruteiras, hortas e voltará a ser o lugar da fartura. 

As mãos de Zefinha e de muitos voltarão a ter calos, calos abençoados que produzirão para si, não mais para um dono. Não será preciso se humilhar a um proprietário para ceder um pedacinho de chão para fazer roçado. Agora a comunidade é dona do seu território, o território da ancestralidade, da identidade. Esta terra fez muita falta, mas agora recebe o abraço dos quilombolas e os abraçará daqui para frente.


Incra chega ao quilombo Matão para fazer a imissão de posse de uma das áreas à comunidade! 


A assinatura dos documentos da imissão de posse. 



A espera é sem dúvida dolorosa, cansativa até desanima, mas quando chega é momento de esperança. Temos certeza de que estávamos no caminho certo e vamos continuar! 


As lutadoras quilombolas Paquinha e Dona Lourdes do quilombo Grilo também estiveram lá. 


Zefinha do Matão compartilha a alegria dessa conquista!


A terra é nossa!