Um levantamento realizado pela Fundação
Cultural Palmares (FCP) mapeou 3.524 comunidades
quilombolas no Brasil. As comunidades auto reconhecidas certificadas são 1.826
(dados atualizados até 30 de abril de 2012).
Em dezembro de 2011, encontravam-se
abertos no INCR, 1.084 processos para a regularização de terras quilombolas,
números estes abrangendo 24 Estados. Deste total, apenas 7% dos processos já
contam com Relatório Técnico de Identificação (RTID).
Desde 1995 até dezembro
de 2011 foram titulados 109 territórios beneficiando 190 comunidades
quilombolas com 11.946 famílias. As áreas regularizadas somam um total de 968.356
hectares.
No Estado da Paraíba já
foram identificadas 38 comunidades quilombolas espalhadas em todo o território,
do litoral ao sertão. Na quase totalidade trata-se de quilombos rurais, contando
apenas com três quilombos urbanos, Paratibe em João Pessoa, Os Daniel em Pombal
e Talhado urbano em Santa Luzia. No total são 2.693 famílias com aproximadamente
12.000 pessoas.
Na atualidade, 36 são
as comunidades certificadas pela Fundação Palmares e duas estão em processo de
auto reconhecimento. Destas, 28 comunidades têm processos abertos no Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) para a regularização dos seus
territórios. O primeiro passo deste processo consiste na realização do
relatório técnico de identificação (RTID) elaborado por antropólogos. Até
meados de abril de 2012, foram concluídos e publicados nos Diários Oficiais do
Estado e da União, os RTIDs de Senhor do Bonfim (Areia); Matão (Gurinhém);
Comunidade Urbana do Talhado (Santa Luzia), Grilo (Riachão de Bacamarte) e
Pedra D’Água (Ingá). Também, foi concluído e está na espera de publicação o
RTID da comunidade de Paratibe (João Pessoa).
Sucessivamente o INCRA encomendou
9 RTIDs nas comunidades de Pitombeira (Várzea), Vaca Morta e Barra de Oitis
(Diamante), Ipiranga e Gurugi (Conde), Fonseca (Manaíra), Mundo Novo (Areia),
Negros das Barreiras (Coremas) e Contendas (São Bento).
O quilombo Senhor do
Bonfim, no município de Areia, é a primeira e única comunidade da Paraíba que,
até hoje (meados de abril de 2012) conseguiu alcançar a posse da terra depois
de ter percorrido o longo e difícil caminho do processo de identificação, auto
definição, reconhecimento, delimitação, demarcação do território, desapropriação
e desintrusão, faltando ainda a titulação, devido a causas burocráticas incompreensíveis.
Localização
e acesso
Boa parte dos quilombos
da Paraíba se encontra em lugares de difícil acesso por causa do posicionamento
geográfico, no cume de morros e serras ou no fundo de vales. Diante deste
quadro é perceptível a ausência das instituições públicas para a construção e
manutenção de estradas adequadas. Isso faz com que seja bastante difícil a
comunicação entre as comunidades e o restante da sociedade, contribuindo para acentuar
a exclusão. As consequências são bastante graves no plano econômico bem como no
plano educacional e social. A falta de um adequado serviço de transporte aumenta
ainda mais o seu isolamento.
Moradia
As condições de
moradias nas comunidades quilombolas da Paraíba estão na maioria dos casos abaixo
dos níveis mínimos da necessidade e muitas ainda são as construções de taipa. A
maioria das casas não tem banheiro interno, uma boa parte nem externo, e o sistema
de saneamento básico é praticamente inexistente. Isto não significa que o
quilombola não tenha amor pela sua moradia; quando tem uma disponibilidade
extra de recursos, a primeira ação é melhorar sua casa para viver com mais
dignidade.
Educação
Nem todas as
comunidades possuem uma estrutura escolar. Onde existe, na maioria dos casos, a
estrutura é precária, quase sempre inadequada para o número de alunos, faltando
frequentemente a água. A maioria destas escolas adota o regime multisseriado e,
por consequência, a qualidade do ensino está muito abaixo da média nacional. Com
efeito, quase 56% dos quilombolas são analfabetos ou analfabetos funcionais
(sem instrução ou com primário incompleto). Acrescenta-se ainda que 12% tem o
primário completo, somente 5% o ensino fundamental completo e 6% o ensino
médio.
Outro problema é a situação
dos professores que, além de serem obrigados a longas viagens diárias de
deslocamento para estas comunidades, em geral não possuem uma formação específica
para lecionar em uma escola quilombola.
Ainda mais problemática
é a continuidade nos estudos dos alunos, os quais, após concluírem as séries
iniciais, devem-se deslocar para a cidade mais próxima, geralmente distante alguns
quilômetros, com transporte precário e irregular por causa da péssima situação
das estradas e acessos, mas também pela omissão dos poderes públicos locais.
Terra
A falta de terra para o
cultivo é um dos maiores problemas para a continuidade da existência das
comunidades. O quilombo se formou no campo e está vinculado a um território.
Sem território não há futuro para a comunidade. Sem terras e oportunidades em
suas localidades, muitos quilombolas, sobretudo os jovens, não têm outra
escolha a não ser procurar trabalho nos grandes centros urbanos, onde
geralmente trabalham como mão-de-obra desqualificada. Quem permanece tem que
arrendar terras a um preço muito alto nas fazendas vizinhas. Infelizmente, ao
longo dos últimos trinta anos, a difusão da agropecuária extensiva reduziu
bastante a possibilidade de arrendamento para o cultivo de subsistência. Além
disto, frente à realização dos laudos antropológicos pelo INCRA, alguns
fazendeiros iniciaram ações de retaliação, negando qualquer tipo de arrendamento
de terra aos quilombolas, obrigando-os a desbravar novos terrenos na maioria
das vezes em serras íngremes e pedregosas.
Água
Grande problema é a falta
de um sistema público de abastecimento de água na maioria das comunidades
quilombolas. Nos últimos anos em diversas comunidades foram construídas
cisternas para a coleta e armazenamento de água da chuva. Mas as cisternas resolvem
apenas a questão do consumo humano, deixando em aberto o problema do
abastecimento de água para as suas plantações e animais. Mesmo assim, são
muitas ainda as famílias que não possuem cisternas, sendo forçadas a procurar
água, na maioria dos casos de péssima qualidade, em açudes e barreiros
distantes.
Trabalhos
manuais:
Em várias comunidades
ainda existe a tradição ancestral das louçeiras que produzem utensílios
domésticos de argila. Várias mulheres se dedicam a confecção de labirinto,
crochê, costura e outras atividades afins. Tais trabalhos objetivam
complementar a precária renda familiar, que em 71% dos casos está abaixo ou no
limite de um salário mínimo. Vale a pena salientar que a principal renda dos
quilombolas é constituída pela aposentadoria dos idosos.
Festas,
lazer, religiosidade
A vida nos quilombos,
devido à própria história de formação da comunidade e aos laços muito fortes de
parentesco, favorece o sentido de pertencimento a uma única grande família e,
por isso, a dimensão comunitária se manifesta de muitas maneiras, a começar pelo
regime tradicional do mutirão (nos roçados, nas farinhadas, na construção das
casas, no transporte dos doentes, etc...). Mas é sobretudo nas festas
religiosas, nos velórios, nos casamentos, nos aniversários e nas festas promovidas
pelo retorno de pessoas que passaram muito tempo longe, que se manifesta tal
espírito e a vontade de sair de um cotidiano rotineiro para encontrar-se e
relacionar-se uns com os outros. Em várias comunidades, tais festividades são
celebradas ao ritmo da ciranda, do coco de roda, forró, capoeira, maculelê.
A religião
predominante, embora antigamente imposta pelo regime colonial, é a católica, a
qual ao longo dos anos, se tornou um dos mais importantes elementos de
agregação. O seu enraizamento profundo se manifesta claramente nos momentos
tradicionais, a exemplo das novenas, dos festejos juninos, das missas,
batizados, etc. Em muitas casas é possível encontrar paredes repletas de
imagens de santos ao lado das fotografias dos antepassados e da família.
Existem também pequenos oratórios bem cuidados e reverenciados pela comunidade.
A religiosidade de origem africana infelizmente foi apagada pela repressão, embora
sobrevivam pequenos sinais daquele passado. Em muitas comunidades alguns
membros têm o dom da cura, da reza e de tirar “mau olhado” em qualquer situação,
principalmente nas crianças.
👍👍👍👍
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ResponderExcluirEssa é uma terra totalmente diferente da nossa entt , tudo lá não são a mesma coisa pq a água lá é diferente de busca água eles lá não tem água encanada e agente tem
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