Estas são as mãos de Leonilda, uma quilombola do Grilo. Paquinha, como é chamada na comunidade, tem 55 anos, trabalha no campo, é pedreira e anima a comunidade. Esta mulher sempre nos surpreende: miúda, aparentemente frágil, mas com uma garra muito grande. O sofrimento foi sempre companheiro. As vezes a encontramos desanimada pelos problemas da comunidade e da família: mas a dureza da vida nunca lhe tirou a vontade de recomeçar, de ir para frente. Sempre acolhe as pessoas com um sorriso sincero e te olha nos olhos. Observo suas mãos calejadas, ásperas mas intensas no aperto.
“Paquinha, com estas tuas mãos ainda menina trabalhaste a terra: mãos calejadas e lavradas pelo tempo, quase da cor da terra. Com estas mãos cuidaste, acariciaste e mimaste quatro filhos. Arrancaste da terra muitas vezes árida e ingrata, terra alheia, não poucos frutos de um trabalho extenuante. Com estas tuas mãos enxugastes muitas lagrimas que te acompanham. Mãos operosas, incansáveis e generosas na construção de cisternas e casas, as casinhas coloridas agarradas ao granito do cume do Grilo. Estas mãos se abrem muitas vezes para partilhar os frutos do teu trabalho e muitos abraços. São um livro aberto que conta infindáveis histórias, escondidas nas dobras. São bonitas assim porque são verdadeiras".
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