domingo, 3 de junho de 2012

ENCERRAMENTO DA EXPOSIÇÃO QUILOMBOS DA PARAÍBA COM A CIRANDA DO GRILO de Luís Zadra

O pequeno cortejo dos quilombolas sobe apressado a rampa da torre da Estação Cabo Branco Ciência Cultura & Artes. Alguns percalços da viagem atrasaram a chegada dos convidados da festa. Não é fácil juntar num ónibus três comunidades quilombolas do interior e acertar os horários: além disso, um ónibus velho que sem falta da sempre um prego no caminho. Mas enfim chegaram dando vida a um contraste bonito, eles negros se destacando na rampa branca. Da gosto ver este povo se apropriar deste espaço, deste prédio majestoso. Afinal a festa é deles, dos quilombolas que quiseram prestigiar este momento dedicado a eles, os protagonistas da exposição que hoje se encerra. É a oportunidade para as cirandeiras do Grilo estrear sua ciranda que há vários anos estava adormecida, esquecida mas que agora está retomando forma e vida. As cores coloridas do vestuário a rigor como manda o figurino enfeitam a sala repleta de fotografias, de louças, de cores e de vida quilombola. Representantes dos quilombos de Pedra d´Água, Grilo, Matão, Caiana dos Crioulos e Paratibe animam o lugar. Este povo que vive afastado do movimento e dos holofotes da cidade grande talvez não perceba o significado deste momento, mas de fato está afirmando, e como, seu direito, com sua presença: direito ao belo, ao brilho, a ocupar qualquer espaço. É a dignidade que se afirma com sua pele negra, com seu gingado e jeito ancestral nos idosos, crianças e jovens, quase a dizer chegamos aqui e este é também nosso lugar.
Aqui se encerra mais um capítulo do livro vivo da história quilombola da Paraíba que ao longo de um mês foi escrito na Estação Cabo Branco.
Severina, José, Anjinha, Hélio, Paquinha... e dezenas de quilombolas .puderam se ver no filme sobre os quilombos, puderam dançar, se fotografar junto aos seus retratos espalhados pelas paredes. O zabumba de Edinalva da Caiana cadenciava o ritmo da ciranda do Grilo, ciranda com sotaque diferente como é diferente o rosto e a história de cada quilombo.
Momento mágico, único, protagonizado e vivido por pessoas negras que sempre foram excluídas e que agora se admiram, sem vergonha, expostas ao público que numeroso ao longo do mês de maio visitou a exposição.


















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