Na madrugada do dia 9 de março de 1998, com umas quarenta pessoas, mulheres, homens e crianças ocupamos a fazenda Engenhoca, parte do latifúndio usina Tanques no município de Alagoa Grande. Pertencia ao latifundiário que perseguiu e mandou assassinar Margarida M. Alves. Seja na preparação dos meses anteriores a ocupação com 7 grupos espalhados no município, como também nos meses que se seguiram sempre lembramos de Margarida e em nome dela lutamos pela conquista da. Foi uma conquista em cima do latifúndio assassino, numa cidade que ainda vivia o medo pela violência do latifúndio.
A partir disto mudaram as coisas em Alagoa grande. Surgiram 8 assentamentos com mais ou menos 300 famílias. Ajudamos a resgatar a memória de Margarida que apelidávamos de “nossa santinha”. Sempre nos motivou na luta pela terra dos quilombolas na Paraíba.
Tenho orgulho de ter participado pessoalmente de todo o processo. Não é motivo de glória, mas sensação do dever cumprido. A opção pelos pobres nos torna agentes de mudança, mas sem sermos nós os protagonistas.
Dizia don Milani “ajuda as pessoas a fazerem seu caminho sem fazer o teu as custas delas”. Este estandarte nos acompanha há muitos anos e sempre mudamos a data da comemoração. São agora 40 anos e a luta não foi em vão.
Acredito que as mulheres de Alagoa Grande o levarão para a próxima marcha das Margaridas em Brasília. O sangue dos mártires é semente de vida.
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