Exposição fotográfica do italiano Alberto Banal lança um olhar das mulheres presentes nos 39 quilombos espalhados pelo Estado.
Dona Lurdes trabalhando no seu roçado - Quilombo Grilo |
A mostra lança um olhar das mulheres presentes nos 39 quilombos espalhados pelo Estado. São 350 registros fotográficos divididos em quatro seções cronológicas: infância, juventude, maternidade e maturidade.
“São rostos, olhares, sentimentos, pessoas que falam pelas imagens”, resume. “É um adentrar-se no terreno sagrado da memória quilombola, que tem na mulher seu fio condutor. Significa literalmente expor aos outros uma realidade guardada debaixo de sete chaves por muitos anos de exclusão e de esquecimento”.
De acordo com Alberto Banal, as fotografias são acompanhadas de depoimentos e transcrições sobre as personagens quilombolas, além de análises feitas por antropólogos que convivem com as comunidades há anos. “Uma realidade da qual não se perdeu a memória e a riqueza de valores vivenciados”, aponta o italiano. “Talvez o silêncio ajudou a preservar e a resguardar”.
Completando o Feminino Quilombola, há um espaço onde são projetados 12 curtas-metragens de entrevistas na comunidade, boa parte produzida pelos alunos do projeto comandado pelo expositor chamado Fotógrafo de Rua. Os alunos foram recrutados nos quilombos paraibanos de Matão (Gurinhém), Grilo (Riachão do Bacamarte), Pedra D’Água (Ingá) e Matias (Serra Redonda). “Elas falam de seus problemas, desejos e anseios. Tudo que tem haver com o mundo quilombola”, afirma o fotógrafo, que também integra a Associação de Apoio aos Assentamentos e Comunidades Afrodescendentes (Aacade), onde coordena o projeto Casas de Leitura.
CONSCIÊNCIA NEGRA
Além da exposição que permanecerá no local até o dia 2 de fevereiro, a programação comemorativa ao mês da Consciência Negra terá mais eventos nas próximas semanas. No dia 17 haverá no anfiteatro da Estação a Festa da Mulher Quilombola, com apresentações de danças e grupos de capoeira.
Já no dia 23, Alberto Banal lançará o livro Quilombos da Paraíba, organizado por ele e pela antropóloga Maria Ester Pereira Fortes. A publicação é o primeiro estudo sobre a realidade quilombola do estado realizado por entidades e pesquisadores.
PUBLICADO
EM 09/11/2013 AS 06H00 no Jornal da Paraíba
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