segunda-feira, 11 de março de 2013

Vida quilombola - O dia da consciência negra

Festa em Pedra d'Água
Várias comunidades quilombolas celebraram em datas diferentes o dia da consciência negra. Matias, Matão, Pedra D´Água, Caiana dos Crioulos, Catolé do Rocha, Mituaçú e outras. Nestes anos, inicialmente com muito receio, os quilombolas sentiram a necessidade de celebrar esta data, para manifestar a alegria de ter alcançado a consciência de sua realidade e de sua história. Devagar as comunidades tomam consciência do seu passado, da sua situação, do seu valor, do potencial de organização para enfrentar seus problemas e celebrar suas vitórias. A celebração deste dia que é fruto de muitos anos de caminhada, consegue manifestar a percepção do valor de ser negro, a afirmação de seus direitos como de sua dignidade. Foi bonito saber e as vezes ver por termos participado em datas diferentes a estes eventos, a mudança que está acontecendo. Nestas ocasiões vários quilombos se encontram, para fazer festa junto à comunidade anfitriã como aconteceu em Matão e Pedra D´Água. É musica, dança, partilha dos anseios, dos problemas e da comida preparada por todos. É um momento de agregação muito forte que da sentido e gosto a vida do quilombo. É muito movimento, meninos por toda parte, abraços, alegria que se manifesta nos rostos que brilha. Foi muito chão para se chegar a este momento, muitos recomeços, muita superação de um passado de silencio e de amargura. Foi um trabalho lento, teimoso, mas a festa quer afirmar que estão chegando, os quilombolas querem seu lugar. AACADE é e se sente parte desta história. A luta pela conquista do território, o acesso as politicas públicas para quilombolas, as reuniões para melhorar as escolas, as vezes recorrendo ao ministério público pela ausência do poder público, encontros de mulheres, jovens e muitas outras iniciativas: tudo ajudou e ajuda a movimentar as comunidades. A festa onde eles são protagonistas é sinal de vitória, de crescimento, de afirmação, de orgulho por ser quilombola. É uma bonita surpresa, como quando num chão duro e difícil brotam flores e frutos. Os lugares que foram desprezados e ignorados agora ficam conhecidos e os quilombolas tem prazer em dizer o nome do lugar de sua origem. A consciência de ser negro, do ser negro se manifesta em todas as sua dimensões. O povo acredita num futuro diferente, os jovens procuram estudar e ao mesmo tempo tem um grande amor ao seu torrão porque o quilombo é o lugar da identidade, da história redescoberta e recontada.
Festa no Matão

Nenhum comentário:

Postar um comentário