quinta-feira, 11 de junho de 2020
terça-feira, 19 de maio de 2020
Mulheres solidárias
Em tempo de coronavírus estão se multiplicando as ações de solidariedade. Neste caso foi um "Grupo de mulheres do Residencial Torre Imperial" que se uniu para oferecer cestas básicas a 63 famílias que tem crianças nos projetos Escrilendo, OloduMatão e oloduMatias nos quilombos Matão, Grilo, Pedra d'Água e Matias.
Escrilendo é um projeto que visa estimular nas crianças o amor pela leitura e escritura. oloduMatão e oloduMatias são dois projetos de percussão e dança afro.
Estes projetos são uma atividade da Casa dos sonhos em parceria com AACADE, Associação de apoio as comunidades afrodescendentes.
Neste ano os projetos ganharam o apoio do Ministério do Trabalho, segunda Vara de Campina Grande.
Outro parceiro importante é a Associação italiana "Uniti per la vita".
Escrilendo é um projeto que visa estimular nas crianças o amor pela leitura e escritura. oloduMatão e oloduMatias são dois projetos de percussão e dança afro.
Estes projetos são uma atividade da Casa dos sonhos em parceria com AACADE, Associação de apoio as comunidades afrodescendentes.
Neste ano os projetos ganharam o apoio do Ministério do Trabalho, segunda Vara de Campina Grande.
Outro parceiro importante é a Associação italiana "Uniti per la vita".
para assistir ao vídeo clicar na imagem
quarta-feira, 13 de maio de 2020
Porque o 13 de maio não é um dia de comemoração, mas de resistência
O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, aproveitou a data de 13 de maio, dia da proclamação da Lei Áurea, para prestar homenagem à princesa Isabel e também “revelar a verdade” sobre Zumbi no site da instituição.
A postura de Camargo é uma clara provocação aos movimentos negros, que criticam a comemoração do 13 de maio por não a considerarem um marco da libertação e preferem comemorá-la em 20 de novembro, data da morte de Zumbi e Dia da Consciência Negra.
De acordo com Douglas Belchior, historiador e membro da Uneafro Brasil, “o 13 de maio como dia da libertação é uma mentira cívica, como dizia Abdias do Nascimento, e conta com o cinismo escravocrata que é a marca da elite brasileira”.
“O movimento negro desconstrói essas ideias do dia da libertação e da princesa Isabel como libertadora e redentora. Não ignoramos o 13 de maio. Nós o reivindicamos como um dia para refletirmos sobre a mentira construída, sobre a abolição inacabada. A população negra continua estruturalmente no mesmo lugar em que estava no dia seguinte à abolição”, completa.
Na contramão das afirmações provocatórias de Sérgio Camargo vamos ouvir a reflexão de Ednalva Rita do Nascimento, presidenta da Associação quilombola de Caiana dos Crioulos/PB.
A postura de Camargo é uma clara provocação aos movimentos negros, que criticam a comemoração do 13 de maio por não a considerarem um marco da libertação e preferem comemorá-la em 20 de novembro, data da morte de Zumbi e Dia da Consciência Negra.
De acordo com Douglas Belchior, historiador e membro da Uneafro Brasil, “o 13 de maio como dia da libertação é uma mentira cívica, como dizia Abdias do Nascimento, e conta com o cinismo escravocrata que é a marca da elite brasileira”.
“O movimento negro desconstrói essas ideias do dia da libertação e da princesa Isabel como libertadora e redentora. Não ignoramos o 13 de maio. Nós o reivindicamos como um dia para refletirmos sobre a mentira construída, sobre a abolição inacabada. A população negra continua estruturalmente no mesmo lugar em que estava no dia seguinte à abolição”, completa.
Na contramão das afirmações provocatórias de Sérgio Camargo vamos ouvir a reflexão de Ednalva Rita do Nascimento, presidenta da Associação quilombola de Caiana dos Crioulos/PB.
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quarta-feira, 6 de maio de 2020
Entrega de alimentos e material didático nas comunidades quilombolas de Matão, Grilo, Pedra d'Água e Matias
A emergência do Covid 19 nos obrigou a mudar o ritmo das atividades do Projeto Escrilendo e dos grupos de dança e percussão afro nas comunidades quilombolas de Matão, Grilo, Pedra d'Água e Matias.
Impedidos de realizar aulas presenciais decidimos entregar material didático individual para incentivar as crianças a desenvolver as atividades em casa.
Na ocasião entregamos também cestas básicas para cada família com filhos nos vários projetos.
Escrilendo quilombola, oloduMatão e oloduMatias são projetos da Casa dos sonhos em colaboração com AACADE - Associação de apoio as comunidades afrodescendentes. Apoio: Ministério Público do Trabalho - Segunda Vara Campina Grande/PB Associação Uniti per la vita - Itália
Impedidos de realizar aulas presenciais decidimos entregar material didático individual para incentivar as crianças a desenvolver as atividades em casa.
Na ocasião entregamos também cestas básicas para cada família com filhos nos vários projetos.
Escrilendo quilombola, oloduMatão e oloduMatias são projetos da Casa dos sonhos em colaboração com AACADE - Associação de apoio as comunidades afrodescendentes. Apoio: Ministério Público do Trabalho - Segunda Vara Campina Grande/PB Associação Uniti per la vita - Itália
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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020
Presidente da Fundação Palmares demite diretores negros por telefone
Conheço alguns quilombolas que votaram em Bolsonaro. Será que estão entendendo as consequências nefastas deste apoio?
Presidente da Fundação Palmares demite diretores negros por
telefone
“Vou seguir a linha do secretário Alvim”, declarou Sergio Nascimento, citando o diretor teatral demitido por apologia ao nazismo
Por Redação
O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Nascimento de Camargo, sob o argumento de que precisa “montar uma nova equipe de extrema direita, retirou dos cargos “negros com reconhecida trajetória em políticas públicas em prol da cultura afro-brasileira”. “Vou seguir a linha do secretário Alvim”, declarou aos diretores.
A medida extrema teria sido tomada sem o aval de Regina Duarte. “Ele corre para fazer tudo que pode contra negros antes de ela entrar”, afirmou um funcionário.
Entre os demitidos estão os responsáveis pela Diretoria de proteção Afro-brasileira (DPA), Sionei Leão, Diretoria de Fomento e Promoção da Cultura Afro-brasileira (DEP), Clóvis André da Silva, e Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (Cenirp), Kátia Martins.
Os servidores da Casa afirmam que todos foram contratados nessa atual gestão e com indicação de políticos ligados a Jair Bolsonaro. Grande parte não é “necessariamente de esquerda ou de direita, são técnicos, apenas”, afirmou uma fonte.
De acordo com Clóvis Silva, a ligação de Sérgio Camargo aconteceu por volta das 10 horas da manhã desta quarta-feira. “Fomos pegos de surpresa. Ninguém esperava. O presidente já estava a autorizado a retornar. Mas somente chegou na quinta (19) e estava tudo calmo”, contou. Ele, que já foi secretário da Igualdade Racial em Porto Alegre, chegou na Fundação em setembro de 2019 e diz que nunca participou de qualquer movimento de esquerda. “Sou um técnico. Direito social é progressista. Não sei onde ele incluiu extrema direita no debate”, estranhou.
Por meio de nota, a Fundação Cultural Palmares (FCP) comunica que seu presidente, Sérgio Camargo, “no direito e exercício de sua função se organiza para trazer a sua equipe tendo como objetivo o cumprimento da missão institucional”.
27 DE FEVEREIRO DE 2020, 08H59
Fonte: https://revistaforum.com.br/politica/presidente-da-fundacao-palmares-demite-diretores-negros-por-telefone/?fbclid=IwAR1ZJiFw6x3tvX0AZb7ch_dMhBveZNWkqqjmzLH1FNb5NlW0kD1Y0GYYRM4
“Vou seguir a linha do secretário Alvim”, declarou Sergio Nascimento, citando o diretor teatral demitido por apologia ao nazismo
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Sérgio Nascimento de Camargo - Foto: Facebook |
O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Nascimento de Camargo, sob o argumento de que precisa “montar uma nova equipe de extrema direita, retirou dos cargos “negros com reconhecida trajetória em políticas públicas em prol da cultura afro-brasileira”. “Vou seguir a linha do secretário Alvim”, declarou aos diretores.
A medida extrema teria sido tomada sem o aval de Regina Duarte. “Ele corre para fazer tudo que pode contra negros antes de ela entrar”, afirmou um funcionário.
Entre os demitidos estão os responsáveis pela Diretoria de proteção Afro-brasileira (DPA), Sionei Leão, Diretoria de Fomento e Promoção da Cultura Afro-brasileira (DEP), Clóvis André da Silva, e Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (Cenirp), Kátia Martins.
Os servidores da Casa afirmam que todos foram contratados nessa atual gestão e com indicação de políticos ligados a Jair Bolsonaro. Grande parte não é “necessariamente de esquerda ou de direita, são técnicos, apenas”, afirmou uma fonte.
De acordo com Clóvis Silva, a ligação de Sérgio Camargo aconteceu por volta das 10 horas da manhã desta quarta-feira. “Fomos pegos de surpresa. Ninguém esperava. O presidente já estava a autorizado a retornar. Mas somente chegou na quinta (19) e estava tudo calmo”, contou. Ele, que já foi secretário da Igualdade Racial em Porto Alegre, chegou na Fundação em setembro de 2019 e diz que nunca participou de qualquer movimento de esquerda. “Sou um técnico. Direito social é progressista. Não sei onde ele incluiu extrema direita no debate”, estranhou.
Por meio de nota, a Fundação Cultural Palmares (FCP) comunica que seu presidente, Sérgio Camargo, “no direito e exercício de sua função se organiza para trazer a sua equipe tendo como objetivo o cumprimento da missão institucional”.
27 DE FEVEREIRO DE 2020, 08H59
Fonte: https://revistaforum.com.br/politica/presidente-da-fundacao-palmares-demite-diretores-negros-por-telefone/?fbclid=IwAR1ZJiFw6x3tvX0AZb7ch_dMhBveZNWkqqjmzLH1FNb5NlW0kD1Y0GYYRM4
terça-feira, 11 de fevereiro de 2020
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020
ESTA TERRA É NOSSA! UM DIA ESPECIAL PARA CAIANA DOS CRIOULOS
por Luís Zadra - AACADE
De longe se escutam os fogos pipocar anunciando a alegria pela posse da terra deste povo que tempo demais esperou por este momento. Embalados pelos zabumbas com Nalva e Cida animando os cantos e dando ritmo dançante à caminhada, o povo quilombola da Caiana desce a serra, seis quilômetros sob o sol escaldante das duas da tarde, para em cortejo tomar posse da terra. Nem as pedras do caminho sinuoso da serra, nem o sol inclemente desanimam esta pequena romaria que avança levando uma faixa com a imagem de Zumbi dos Palmares e de Santino, figura simbólica da Caiana.
Todo mundo embalado pela magia do momento.
No pátio da Casa-Grande muita gente espera pelo cortejo que avança virado pela animação e forte emoção: o amplo terreiro está brilhado de limpo, recém varrido como acontece nos terreiros das casas no dia de festa e a sombra de uma arvore secular. espera pelos caminhantes.
A moldura deste quadro está perfeita: as colunas da casa grande com sobrado, o terreiro, os enormes muros de pedra que sobraram do engenho, as arvores antigas e generosas de sombra, tem até um enorme pau brasil, e agora as figuras coloridas do quadro que acabam de chegar.
O quadro agora mudou porque mudaram as personagens que o povoam. A moldura ficou: a terra, as arvores, os restos do que foi o cativeiro: bem que ficou de pé o imponente bueiro, testemunha e sentinela do passado. Saíram de cena os poucos donos brancos que aqui dominaram um povo escravizado e rostos de negros e negras brilhando de alegria agora dominam a cena.
A terra é nossa! Finalmente! Tem ainda quem duvida: este povo foi sempre enganado e a dúvida permanece. Como pode acontecer uma coisa dessa? Mas aconteceu e a partir do traquejo na terra que o povo vai sentir sua, nascerá uma nova motivação.
Dona Bina, negra idosa de mãos calejadas pela labuta no roçado, rosto surrado pelas agruras da vida mas de olho vivo, muito acanhada, é chamada no meio: ela que sempre plantou nesta terra mas à condição de deixar o roçado depois de colhida a fava (aqui se planta a melhor fava da região) para o gado dos donos, agora sabe que vai ser dona do que é seu e gado nenhum vai perturbar sua lavoura. Ela não diz uma palavra, mas sua presença é palavra.
Várias falas motivam o momento. A mais esperada é a do oficial de justiça que imite na posse o INCRA que depois a repassará aos quilombolas. O momento é solene e o povo sente que finalmente este direito sagrado lhe é reconhecido. Não é fácil passar da condição de excluídos da terra que testemunhou um passado doloroso, a donos desta mesma terra. Precisa tempo, mas as dúvidas não seguram as lagrimas de alegria que escorrem nos rostos negros.
A terra não será dividida: será uma escritura única para que o quilombo possa sobreviver com seu território intacto. Tudo será decidido no quilombo, para o bem de todos, a forma de uso desta terra, sem donos e sem capangas. Acredito que a mãe terra está em festa por este momento em que seus filhos poderão desfrutar do seu abraço aconchegante. O inverno está chegando e sementes serão lançadas, as sementes da liberdade e frutos abundantes e livres serão colhidos. Outras falas se seguem, da Paraíba, do lugar, de Brasília, muitas palmas. A voz forte e emocionada de uma quilombola salienta o significado da conquista da terra e dá o tom deste dia.
Uma favada a moda da Caiana é servida já no fim das falas, para dar o sabor de como será gostoso o futuro. E muita dança, ciranda e os zabumbas ecoando a mãe África. Nisto tudo sobressai poderosa a força da mulher quilombola que foi a guardiã da história do lugar, que segurou as pontas, de mãos calejadas sem perder a ternura e enfeitando os dias dançando, muitas vezes varando as noites tranquilas da serra.
De longe se escutam os fogos pipocar anunciando a alegria pela posse da terra deste povo que tempo demais esperou por este momento. Embalados pelos zabumbas com Nalva e Cida animando os cantos e dando ritmo dançante à caminhada, o povo quilombola da Caiana desce a serra, seis quilômetros sob o sol escaldante das duas da tarde, para em cortejo tomar posse da terra. Nem as pedras do caminho sinuoso da serra, nem o sol inclemente desanimam esta pequena romaria que avança levando uma faixa com a imagem de Zumbi dos Palmares e de Santino, figura simbólica da Caiana.
A moldura deste quadro está perfeita: as colunas da casa grande com sobrado, o terreiro, os enormes muros de pedra que sobraram do engenho, as arvores antigas e generosas de sombra, tem até um enorme pau brasil, e agora as figuras coloridas do quadro que acabam de chegar.
A terra é nossa! Finalmente! Tem ainda quem duvida: este povo foi sempre enganado e a dúvida permanece. Como pode acontecer uma coisa dessa? Mas aconteceu e a partir do traquejo na terra que o povo vai sentir sua, nascerá uma nova motivação.
Dona Bina, negra idosa de mãos calejadas pela labuta no roçado, rosto surrado pelas agruras da vida mas de olho vivo, muito acanhada, é chamada no meio: ela que sempre plantou nesta terra mas à condição de deixar o roçado depois de colhida a fava (aqui se planta a melhor fava da região) para o gado dos donos, agora sabe que vai ser dona do que é seu e gado nenhum vai perturbar sua lavoura. Ela não diz uma palavra, mas sua presença é palavra.
Uma favada a moda da Caiana é servida já no fim das falas, para dar o sabor de como será gostoso o futuro. E muita dança, ciranda e os zabumbas ecoando a mãe África. Nisto tudo sobressai poderosa a força da mulher quilombola que foi a guardiã da história do lugar, que segurou as pontas, de mãos calejadas sem perder a ternura e enfeitando os dias dançando, muitas vezes varando as noites tranquilas da serra.
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