O pronunciamento de Edinalva Rita do Nascimento, presidenta da Associação do quilombo Caiana dos Crioulos
para assistir ao vídeo clicar na imagem
Esta terra que estamos pisando, finalmente é nossa.
Demorou, mas chegou este dia. Foram muitos anos de espera, de dúvidas, decepções. Mas agora estamos pisando (convida todo mundo a pisar com força) aquilo que nos pertence. Nossos antepassados trabalharam aqui e derramaram suor, sangue e lagrimas por serem escravizados. Nos deixaram esta herança que nunca nos foi reconhecida.
As pedras e as paredes do Engenho e da Casa Grande guardaram os gritos de dor dos corpos martirizados do nosso povo em nome do preconceito, ganância e desamor. Mas um cidadão chamado Luís Inácio Lula da Silva, depois de ouvir os protestos dos Quilombolas do Brasil, no vinte de novembro de 2003, como presidente promulgou o decreto 4887 que reconhecia e regulamentava os territórios quilombolas, garantindo o direito sagrado aos descendentes dos escravizados de possuir sua terra.
O caminho foi longo e complicado: até agora somente SENHOR DO BOMFIM (Areia) e GRILO (Riachão de Bacamarte) conseguiram este direito. Agora é nossa vez. Tem mais quarenta comunidades quilombolas na Paraíba que estão na lista de espera.
Temos que agradecer a resistência dos nossos antepassados, os movimentos quilombolas, as muitas pessoas da Caiana e de fora que acreditaram que isto era possível. O ministério público federal-MPF- e a Defensoria Pública da União – DPU - tiveram um papel fundamental como também as profissionais do setor quilombola do INCRA. AACADE e CECNEQ estiveram sempre presentes nesta jornada.
Apesar de tanto desmantelo em que se encontra nosso país, ainda tem muita gente seria que acredita na justiça e na igualdade. O caminho da libertação da escravidão é comprido: nesta luta muita gente tombou, foi esmagada e silenciada. Infelizmente ainda hoje isto acontece. Este aqui é um passo rumo a libertação. Ainda tem muito preconceito contra os negros, os pobres: nossos direitos custam a chegar. As políticas públicas estão sendo destruídas. Nosso país, por meio de muitos de seus representantes, nos coloca de lado, nos considera inferiores.
Este é o momento de afirmar e gritar nossa dignidade, nosso valor, nossos direitos: existimos e queremos vez e lugar. Tudo se conquista com consciência e luta. VIVA A NOSSA TERRA, VIVA A CAIANA DOS CRIOULOS, VIVA OS QUILOMBOS.
Nenhum comentário:
Postar um comentário