sexta-feira, 21 de junho de 2013

CARTA ABERTA DA CONAQ

Em anexo a CARTA ABERTA DA CONAQ de repúdio a audiência pública na Câmara dos Deputados hoje dia 19 as 14 horas, a fim de debater a respeito do Programa Brasil Quilombola na Câmara de Direitos Humanos, pelo então presidente. O mesmo que vem fazendo todo o esforço para oprimir os movimentos sociais agredir os cidadãos e usar o seu mandato contra os Direitos Humanos. É por esse motivo que a CONAQ socializada com todos(as) as mazelas hora ocasionadas pelos setores opressores da sociedade. "O BRASIL TAMBÉM É QUILOMBOLA"

CARTA ABERTA DA CONAQ

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Os negros dos Pontões

Seu Daniel
Empunhando seus pontões enfeitados de fitas multicoloridas os “Negros do Pontões” entram em cena dançando com passos ritmados e marcados por uma feição quase ameaçadora e guerreira. Na realidade se trata de uma dança folclórica e as lanças mais se parecem com aspersores abençoando os participantes do que instrumentos de ameaça. Este tipo de dança tem suas origens e estão inseridas nas festividades promovidas pelas irmandades de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, devoção mariana que no Brasil colonial sempre foi uma característica da comunidade negra. Em várias cidades do nordeste ainda resistem ao tempo numerosas irmandades do Rosário. Estamos em Pombal, na Paraíba, a quase 400 quilômetros da capital João Pessoa. Fomos convidados Luis, Francimar e quem escreve para participar a esta festividade que pretende dar novo incentivo a tradição dos “Negros dos Pontões” que ultimamente tem dificuldade em continuar. Ficaram poucos mas os mais idosos conseguiram envolver alguns jovens e a certeza que esta tradição vai brilhar novamente como antigamente, anima a pequena comunidade quilombola dos Daniel. Se trata de um quilombo urbano, situado numa rua íngreme conhecida como a rua dos Daniel. Esta família alargada junto com os Rufinos, outra grande família e comunidade quilombola a uns dez quilômetros de Pombal com quem tem estreitas relações de parentesco, testemunham as origens da escravidão dos negros africanos neste território. É com o suor e o sangue de seus ancestrais que se entrelaça a história e o desenvolvimento de Pombal. E finalmente, depois de muitos anos de esquecimento e exclusão, estas comunidades afrodescendentes recomeçam a aparecer no cenário público pedindo, embora de forma ainda acanhada, o reconhecimento dos seus direitos por muitos anos negados. E nós com nossa associação AACADE estamos prontos para dar o apoio possível para sua organização e para que tenham acesso as políticas públicas. Por isso a comunidade quer escutar da viva voz de Luis e Francimar as informações sobre as ações que estão sendo encaminhadas a nível estadual, como também sobre a constituição da associação quilombola, direitos e deveres que a nova legislação reconhece as comunidades afrodescendentes. Concluída a pequena assembleia a festa toma conta do espaço como antigamente e todo mundo torce para que este seja o marco e o começo duma nova e bonita história. Viva os negros dos Pontões!
No dia seguinte, bem cedinho conseguimos encontrar e falar com seu Daniel, o patriarca da família dos Daniel. A memória e a lucidez o tempo castigou um pouco, mas a intensidade do olhar e uma dose de ironia falam o suficiente sobre um passado de sofrimentos e lutas pela sobrevivência.

Francimar e Luis durante o encontro com a comunidade




Os Pontões
A rua dos Daniel

As fotos de lembrança





Votando em Valdênia você está apoiando a justiça e a causa quilombola na Paraíba


quarta-feira, 5 de junho de 2013

MONTEIRO, Karoline dos Santos. De quilombo a terra quilombola: conflitos pela propriedade da terra na construção territorial de Gurugi, Paraíba

É com muito prazer que disponibilizamos a ótima monografia de Karoline Dos Santos Monteiro: um instrumento apaixonado e de alto teor cientifico para conhecer a comunidade quilombola de Gurugi. 

Resumo
Localizado na Mata Paraibana, no município de Conde, o Gurugi, ao longo da sua formação territorial foi permeado por diferentes formas de apropriação da terra. Na primeira metade do século XVII se constituiu como parte de um aldeamento indígena da tribo Tabajara, e com a legislação fundiária de 1850 se torna uma propriedade privada na forma de fazenda, na qual já habitavam famílias negras organizadas num antigo quilombo. No final da década de 1970 e início da década de 1980 ocorreram os conflitos agrários no Gurugi devido à expansão canavieira na área promovida pelo Proacool e com a especulação imobiliária, onde dois moradores são assassinados. Com a intervenção do Estado no conflito são criados quatro assentamentos rurais de reforma agrária e as famílias negras foram assentadas em Gurugi I e Gurugi II. Com a instituição do Art.68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal que estabelece o direito ao reconhecimento e titulação dos territórios das comunidades quilombolas, as famílias negras de Gurugi passaram a pleitear esse direito a partir do ano de 2001. A reivindicação da territorialização quilombola no Gurugi provocou conflitos internos na comunidade. Esse trabalho teve como objetivo geral: estudar as formas de organização que estão na base das diferentes territorialidades construídas ao longo do tempo no Gurugi. Procuramos analisar o espaço agrário do município do Conde na época do conflito; reconstituir o processo histórico de formação do quilombo que deu origem às comunidades negras de Gurugi I e Gurugi II; recuperar por meio da história oral e da documentação existente, o processo de apropriação privada das terras do antigo quilombo; identificar os fatores determinantes da eclosão do conflito de terra no imóvel; resgatar a história da luta pela terra nas fazendas Gurugi I e Gurugi II até a criação dos Assentamentos, utilizando a história oral; e relatar o processo que deu origem ao reconhecimento da área como terra quilombola.

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MONTEIRO,Karoline dos Santos. De quilombo a terra quilombola: conflitos pela propriedadeda terra na construção territorial de Gurugi, Paraíba