segunda-feira, 22 de setembro de 2014

San Basilio de Palenque: tradição africana na terra da Colômbia

Em setembro de 2014 tive a oportunidade de viajar a Colômbia. Visitei Bogotá, Medellin e Cartagena das Índias. Na verdade o meu objetivo principal era conseguir visitar San Basílio de Palenque, uma comunidade de afro descendentes que, fundada no começo do 1600, ainda hoje existe conservando uma profunda cultura de matriz africana.
Junto a minha esposa Francinete, no domingo 21 de setembro, consegui chegar ao palenque (quilombo), encontrei muitos membros da comunidade, gravei várias entrevistas, visitei a Casa da cultura e o ginásio de boxe (uma tradição antiga da comunidade); enfim um dia inesquecível.


Informações interessantes sobre o palenque podem ser encontradas no Portal do Turismo PROCOLOMBOA: http://www.colombia.travel/po/turista-internacional/viagem-e-ferias-o-que-fazer/relatorio-especial/san-basilio-de-palenque


San Basilio de Palenque: tradição africana na terra da Colômbia
Na costa do Caribe colombiano, a uma hora da cidade de Cartagena, entre montanhas e lagoas, encontra-se um lugar onde apesar do passar do tempo seus habitantes vivem como há vários séculos, guiando-se por seus costumes, tradições e ritos africanos. Seus habitantes preferem chamar a comunidade de San Basilio de Palenque e não Palenque de San Basilio, argumentando que o povo não é do santo mas o santo é do povo.
Este lugar, conhecido como San Basilio de Palenque é famoso graças a seu símbolo, as palenqueras, isto é mulheres de pele escura que caminhando com vestidos multicoloridos, movem os quadris e balançam em suas cabeças as palanganas cheias de frutas frescas.
As palenqueras são a imagem de uma história complicada e difícil de seus ancestrais e simbolizam a luta dos negros cimarrones (escravos que com muita coragem fugiram de seus donos para procurar um futuro melhor).
As palenqueras conservam a tradição da sociedade africana trazida a estas regiões sul-americanas durante a Conquista espanhola, quando à América do Sul chegaram os barcos cheios de escravos provenientes da África.
Pouco depois, na época da Colônia, começaram a aparecer nas altas montanhas os palenques, isto é assentamentos onde se reuniam os negros cimarrones ou os rebeldes quando escapavam de seus donos. A palavra palenque se converteu no símbolo da liberdade, já que toda pessoa que chegava a fazer parte de um palenque, era automaticamente livre.
Desde o século XV, San Basilio de Palenque é considerado o primeiro povoado de escravos livre na América do Sul e o berço da riqueza cultural africana no território colombiano.

Organização social 
Os palenqueros vivem numa organização social herdada de seus ancestrais africanos: os “ma-kuagro”, de acordo com a qual toda a sociedade se divide em grupos de idade, o que permite a divisão de trabalho, a proteção do território, a conservação das tradições baseadas na honestidade, na solidariedade e no espírito coletivo.
Outra forma de organização social, igualmente presente em San Basilio de Palenque, é a “junta” que se constitui a base de um propósito concreto (por exemplo alguma doença) e desaparece, uma vez o objetivo tenha sido alcançado.

Idioma 
A língua palenquera é o único idioma crioulo no mundo criada à base do espanhol com elemêntos africanos. A língua palenquera é uma língua crioula criada à partir do léxico do espanhol com características morfosintáticas das línguas autóctones do continente africano, sobretudo da família banto. Os pesquisadores detectaram também que o léxico palenquero possui palavras provenientes de kikongo e kimbundu. Este tipo de idiomas crioulos se criou como resposta à impossibilidade de comunicação entre os europeus e os diferentes representantes do continente africano trazidos a América do Sul e pertencentes a diferentes famílias linguísticas.

Música 
Além do idioma, no palenque se conservou a música africana e a tradicional forma de fabricação de instrumentos para interpretá-la, como tambores (os mais conhecidos são: o pechiche, o bongó, a timba, o bombo, o llamador e o alegre), a marimbula e as maracas.

Vale a pena também ler o relato da blogueira Marjorie Chaves: Afrocolombianas de San basilio de Palenque: uma experiência de resistência e liberdade. http://blogueirasnegras.org/2014/07/14/afrocolombianas-de-san-basilio-de-palenque-uma-experiencia-de-resistencia-e-liberdade/

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sexta-feira, 1 de agosto de 2014

As mulheres quilombolas da Paraíba

Não acontece todos os dias encontrar um bom trabalho de pesquisa sobre as comunidades quilombolas da Paraíba. O trabalho que hoje vou assinalar é simplesmente ótimo. A dissertação de mestrado em Geografia de Karoline dos Santos Monteiro é quanto mais de inesperado pela quantidade e qualidade das informações e reflexões nela contidas: um trabalho cientifico de altíssimo nível escrito com garra e paixão por uma mulher quilombola que quis pesquisar e nos revelar a vivencia das mulheres quilombolas e o papel importantíssimo das lideranças femininas nas comunidades. O trabalho é bem fundamentado no nível teórico, mas, sobretudo, é o resultado de muitas teimosas andanças pelas comunidades da Paraíba toda. Muitos parabéns a Karoline e um convite a ler este precioso testemunho sobre as mulheres quilombolas da Paraíba.

Baixar o pdf: Karoline dos Santos Monteiro: As mulheres quilombolas da Paraíba - terra, trabalho e território 

PS. Vale a pena ler também a monografia de Karoline: De quilombo a terra quilombola: conflitos pela propriedade da terra na construção territorial de Gurugi, Paraíba.

Baixar o pdf: Karoline dos Santos Monteiro: De quilombo a terra quilombola: conflitos pelapropriedade da terra na construção territorial de Gurugi, Paraíba

domingo, 27 de julho de 2014

Trilha dos lajedos no quilombo Matias

"Caminhos quilombolas" é um projeto experimental para descobrir possibilidades de desenvolvimento de um turismo sustentável em alguns quilombos da Paraíba envolvendo os jovens das mesmas comunidades.
Neste vídeo é apresentado um projeto de trilha nos lajedos do quilombo Matias sob a guia dos adolescentes da comunidade.
"Caminhos quilombolas" é um projeto de Fotógrafos de rua e da AACADE - Associação de apoio aos assentamentos e comunidades afro descendentes.

para assistir ao vídeo clicar na imagem

segunda-feira, 21 de julho de 2014

O caminho quilombola de Matão

"Caminhos quilombolas" é um projeto experimental para descobrir possibilidades de desenvolvimento de um turismo sustentável em alguns quilombos da Paraíba envolvendo os jovens das mesmas comunidades.
"Caminhos quilombolas" é um projeto de Fotógrafos de rua e da AACADE - Associação de apoio aos assentamentos e comunidades afro descendentes.

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sábado, 31 de maio de 2014

Trilha Serra da Mangueira no quilombo Matias

"Caminhos quilombolas" é um projeto experimental para descobrir possibilidades de desenvolvimento de um turismo sustentável em alguns quilombos da Paraíba envolvendo os jovens das mesmas comunidades.
O vídeo mostra a viagem do grupo dos jovens quilombolas do Matão ao quilombo de Matias para encontrar e conhecer os jovens da comunidade e, juntos, percorrer a trilha da Serra da mangueira. "Caminhos quilombolas" é um projeto de Fotógrafos de rua e da AACADE - Associação de apoio aos assentamentos e comunidades afro descendentes.

clicar na imagem para assistir ao vídeo

quarta-feira, 28 de maio de 2014

I seminário do laboratório de estudos sobre tradições - LIBRA

Vale a pena participar. 
No final da mesa redonda da manhã do dia 4 de junho haverá a apresentação do livro "Quilombos da Paraíba: a realidade de hoje e os desafios para o futuro" com a presença dos organizadores Alberto Banal e Maria Ester Fortes e os autores Rodrigo Grünewald e Rogério Nascimento.


De livro em livro a biblioteca infanto-juvenil étnico-racial se enche de vida

Projeto Escrilendo - Quilombo Pedra D'Água
Há quatro anos estamos desenvolvendo em alguns quilombos da Paraíba um projeto para promover o gosto pela leitura e escritura propondo, no mesmo tempo, algumas atividades de reforço escolar. O projeto chamado de Escrilendo é uma atividade da Associação de apoio as comunidades afro descendentes da Paraíba – AACADE. Os monitores são sempre escolhidos entre os jovens da comunidade com o intuito de promover também o conhecimento pedagógico e o desenvolvimento cultural dos envolvidos. Com efeito, graças a experiência no projeto, quatro monitoras já conseguiram terminar o ensino médio e acessar a Universidade. Duas delas foram também contratadas pela prefeitura como professoras substitutas na escola de ensino fundamental da comunidade.
Em se tratando de comunidades quilombolas a temática afro é parte importante da nossa proposta educativa. A escolha dos meios didáticos (livros, textos, revistas, CDs/DVDs...) é feita pensando no que mais pode contribuir para a recuperação das raízes africanas através do estudo da história e das tradições de cada comunidade.
O próximo objetivo é a criação de uma biblioteca infanto-juvenil especializada em assuntos étnico-raciais para as crianças de quatro comunidades quilombolas que, graças aos projetos Escrilendo e Fotógrafos de rua, já interagem entre si (Pedra d’Água, Grilo, Matias e Matão). Dessa forma, fizemos um levantamento bibliográfico que deu resultados interessantes: 238 títulos de 38 editoras. Achando o instrumento útil, decidimos de publicá-lo no nosso blog.
O acesso é livre: https://docs.google.com/file/d/0B8JEgSmUkN4jR053b0FCMEcwMEE/edit
Convidamos editoras, distribuidoras, livrarias e pessoas físicas para contribuírem na ampliação e atualização da nossa lista de modo que as crianças e jovens quilombolas possam desfrutar de uma política de leitura motivadora e consequente.
casasdeleitura@gmail.com
banal.alberto@gmail.com
http://escrilendo.blogspot.com.br/
http://fotografosderua.blogspot.com.br/