A narrativa que o compõe diz sobre a história da gente negra de outrora numa interface com a contemporaneidade. Com uma linguagem didática, e crítica discorre sobre a comunidade remanescente quilombola Caiana dos Crioulos, as histórias dos seus moradores e moradoras na luta em defesa da terra e contra o racismo.
A história da comunidade Caiana dos Crioulos é marcada pela expansão do capitalismo, escravismo e estruturação do latifúndio; questão discutida no Capítulo 1 Propriedade Privada x Propriedade Coletiva.
A luta de Zumbi não foi em vão, prosseguiu nas ações de homens e mulheres negras e livres Brasil a fora que fundaram várias formas de organização. Estas questões compõem a narrativa do Capítulo 2 Lutas Históricas dos Movimentos Negros.
No processo de luta por cidadania, o conceito de quilombo foi reinventado pela gente negra, e reacendem no Brasil as comunidades remanescentes quilombolas; herdeiras de Palmares e das lutas que lá foram travadas. Tal questão é pensada no Capítulo 3 Conceito de Quilombo.
A presença das comunidades negras Brasil a fora, não lhes garantiam a condição de quilombola e de existência na história do Brasil. Era preciso certificação, essa questão é discutida no Capítulo 5 Da Identificação à Posse da Terra Quilombola.
Depois de muita luta a gente negra de Caiana conseguiu, a comunidade é certificada como quilombola, porém a luta não cessa. Cadê as condições para torná-la produtiva? Tal discussão compõe o Capítulo 6 Atividades Econômicas e Relações Sociais de Produção.
A luta é ancestral está na essência da gente quilombola de Caiana, não para, em alguns momentos elas podem se sentirem cansadas, mas encontram razão para continuar, qual seja, seus ancestrais não foram escravos, sempre lutaram contra a escravidão. Essa história perpassa pelo Capítulo 7 Ancestralidade.
Não há homogeneidade, mas unidade na diversidade, tudo depende do modo como as forças ancestrais são apreendidas. Nesse fazer muitos transpuseram os limites da comunidade e buscaram outros espaços, uns próximos, mais também distantes. A vida lhes ensinou outros caminhos, ainda que a sociedade republicana não os reconhecesse cidadão viajar era preciso. Essa narrativa compõe o Capítulo 8 Os “Matutos”.
Com pouca ou nenhuma escolaridade muitos foram dispensados do trabalho no eito da cana e tomaram outros rumos. O destino foi deixar Caiana rumo ao sudeste do país, principalmente o Rio de Janeiro. Essa narrativa compõe o Capítulo 9 Migrações de Caiana dos Crioulos para o Rio de Janeiro.
Foram as mulheres que tornaram Caiana dos Crioulos reconhecida no Brasil como comunidade remanescente quilombola, seja com a ciranda ou o coco, as mulheres de Caiana, representada na pessoa da mestra Dona Edite ganhou o mundo e nunca mais retornou. A história vivida por essa mestra cirandeira na companhia de outras mulheres cirandeiras faz parte do Capítulo 10 Mulheres Quilombolas a Mestra Dona Edite.
A Associação de Mulheres de Caiana tem contribuído para o avanço da comunidade a medida que tem se mantido a frente do debate em torno das políticas públicas para os quilombolas e provocado o debate político na comunidade, principalmente no que diz respeito a manutenção das tradições quilombolas; questões discutidas no Capítulo 11 A Cultura em Caiana.
Nem sempre as praticas educativas ocorridas na escola se fizeram de acordo com os princípios da cultura quilombola; questão que passou a ser discutida quando a escola passou a contar com professoras/es da comunidade os quais passaram a questionar o currículo na perspectiva de reverter o baixo índice de aprendizagem das crianças e jovens matriculados na escola. Tal questão está discutida no Capítulo 12 Educação.
No exercício de escrita desse livro, ambas as comunidades seguiram por caminhos que escolheram, acertaram e erraram, ainda que o sistema tenha lhes dito “vem por aqui”; o importante é que reescreveram suas histórias. Por isso, este livro ajudará os jovens estudantes quilombolas, assim com as crianças e os adultos, os estudantes de História, sejam quilombolas ou não, a reescreverem suas histórias e a da comunidade onde vivem. Trata-se, portanto, de uma leitura necessária e indispensável a todas as pessoas que acreditam na educação como meio de transformação dos sujeitos, pois rompe com a perspectiva de uma história única. Se outra história pode ser escrita, outro Brasil também é possível.
Waldeci Ferreira Chagas
AIRES JOSÉ LUCIANO DE QUEIROZ – Organizador.
CAROLINA ALBUQUERQUE DOS SANTOS
ÉRICA MELO LIMA
EDNALVA RITA DO NASCIMENTO
JOÃO PEDRO HENRIQUES DE CASTRO MORAIS
LUCAS SILVA LIRA
LÚCIA DE FÁTIMA JÚLIO
MARIA DAS DÔRES DA SILVA LIMA
VITÓRIA GALDINO DA SILVA
Autores
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