Hoje celebramos 37 anos do martírio de Margarida Maria Alves, assasinada a mando do latifúndio violento, por um pistoleiro na frente de sua casa em Alagoa Grande, Paraíba. Na madrugada de 9 de março de 98 ocupamos uma parte da usina Tanques símbolo do latifúndio e lugar da luta de Margarida. Ela foi a figura que nos inspirou, foi motivados por ela que criamos coragem para entrar na terra depois de muitas reuniões com grupos de lavradores sem terra. Daquela luta surgiram 8 assentamento com mais ou menos 300 famílias. Chamávamos Margarida “a nossa santinha”.
Participei em primeira pessoa desta luta e quisemos tirar o véu de silêncio que tinha encoberto sua memória. O povo tinha medo de falar de Margarida, na sua terra. Os grandes proprietários criaram terror. Eu estava no interior do Maranhão no tempo de seu martírio, metido também na luta pela terra, e o testemunho desta Paraíbana destemida me motivou ainda mais. Destino quis que minha nova missão fosse justamente nestas bandas da Paraíba, metido na luta pelos direitos dos quilombolas.
Foi a partir do seu testemunho que junto a um grupo de lideranças enfrentamos a luta pela terra, e fizemos isto também como forma de resgatar sua memória. Foi feita justiça e sua casa virou museu da memória. Na parede que olha para a rua, para todo mundo ver, tem uma placa preta muito grande onde está escrito” aqui foi assasinada Margarida Maria Alves”.
Diz o canto que sempre fazia parte das celebrações;” quero entoar um canto novo de alegria ao raiar daquele dia...lutar não foi em vão”. O resgate da memória e do legado de Margarida muito ajudou para mudar o pensamento do povo de Alagoa Grande. Posso dizer, eu estava lá, mas não sozinho. Lutamos juntos, tendo na nossa jornada Margarida Maria Alves
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