terça-feira, 9 de maio de 2017

QUILOMBOS NA PARAÍBA por Thaís Muniz

Devido a onda das ocupações nas escolas e universidades do Brasil no ano passado, 2016, ressignificamos o espaço acadêmico onde pudemos ter contato com a comunidade, o que veio causar grande interesse de conhecer escolas libertárias, alternativas e muitas outros modos de aplicação da Filosofia que não fosse apenas uma carreira na academia e/ou em escolas formais.

Com diálogos, conversas desinteressadas nasce a curiosidade e interesse em conhecer comunidades quilombolas devido sua resistência de manter a cultura e história negra. Pesquisando na internet referências de quilombos na Paraíba encontro o blog de Alberto.

No dia 29 de abril em gozo de férias na Paraíba com o acolhimento de Alberto, Silvia entre outras pessoas que fazem um trabalho voluntário lindo nos quilombos sou convidada a visitar dois quilombos: quilombo Pedra d'água e quilombo do Matão.Com solicitude satisfez à minha curiosidade e mais que isso foi um presente tal experiência. Neste último fui recepcionada, e muito bem recepcionada por Zefa, mulher, negra, quilombola, feminista, e muitos outros atributos, que me contou sobre o processo daquele povo se desenvolver encontrar sua identidade se conscientizar e ser reconhecido como quilombo. Atualmente a comunidade é reconhecida pela fundação Palmares que segundo explicação de Alberto recebem acervos que reconhecem as comunidades como quilombo.

A minha reflexão desta experiência está longe de ser cientifica, ou seja, não tenho compromisso acadêmico com este escrito. Devido ao cenário atual, não só no Brasil mas no mundo tendemos a um niilismo, mas voltando do quilombo do Matão não me torna mais inteligente, com mais conhecimento filosófico, antropológico, mas me deixa muito mais reflexiva, tomei algumas notas de dona Zefa que com sua simplicidade mostra a importância de reação diante das adversidades. Pensar o crescimento do quilombo do Matão pelas palavras de dona Zefa me faz ter esperanças, de que a passos lentos o nosso país tem jeito. Lentamente com consciência de sua identidade e também de seus direitos o povo quilombola luta para que tenham políticas do governo para que assegurem suas conquistas na Educação, Cultura e todas esses serviços básicos para todo cidadão e que busquem cada vez mais, o governo necessita olhar com mais cuidado essas comunidades que juntos com outras foram um pilar pra construção do nosso país.

No meu pensamento racional, no mero aparato lógico conceitual tinha uma ideia do que fosse, do surgimento e outras coisas de um quilombo, a visita ao quilombo do Matão me fez perceber de outro modo a posteriori, e mais que isso me fez conscientizar das minhas origens, me afetou. Vou deixar uma foto com dona Zefa, a feminista mais genuína que conheço e um trecho de suas palavras.


"sabe o que os fazendeiros fazia? ce ja pensou você uma hora dessa no sol, no sol, sol quente, carregando saco cheinho de milho nas costas, milho seco carregava nas costas, trabalhava os 5 dias da semana quando o dia era 10 real ele pagava 5, muitas vezes (...) tinha homem que despejava um saco de milho a gente despejava dois na frente dele ver ele ganhar o dia da gente quando eu me lembro eu trabalhei tanto tanto tanto pra ganhar menos em riba da metade dum homem eu me sinto muito revoltada com isso.." dona Zefa, do quilombo do Matão.
Fonte: thaisperançosa

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