Junto a minha esposa Francinete, no domingo 21 de setembro, consegui chegar ao palenque (quilombo), encontrei muitos membros da comunidade, gravei várias entrevistas, visitei a Casa da cultura e o ginásio de boxe (uma tradição antiga da comunidade); enfim um dia inesquecível.
Informações interessantes sobre o palenque podem ser encontradas no Portal do Turismo PROCOLOMBOA: http://www.colombia.travel/po/turista-internacional/viagem-e-ferias-o-que-fazer/relatorio-especial/san-basilio-de-palenque
San Basilio de Palenque: tradição africana na terra da Colômbia
Na costa do Caribe colombiano, a uma hora da cidade de Cartagena, entre montanhas e lagoas, encontra-se um lugar onde apesar do passar do tempo seus habitantes vivem como há vários séculos, guiando-se por seus costumes, tradições e ritos africanos. Seus habitantes preferem chamar a comunidade de San Basilio de Palenque e não Palenque de San Basilio, argumentando que o povo não é do santo mas o santo é do povo.
Este lugar, conhecido como San Basilio de Palenque é famoso graças a seu símbolo, as palenqueras, isto é mulheres de pele escura que caminhando com vestidos multicoloridos, movem os quadris e balançam em suas cabeças as palanganas cheias de frutas frescas.
As palenqueras são a imagem de uma história complicada e difícil de seus ancestrais e simbolizam a luta dos negros cimarrones (escravos que com muita coragem fugiram de seus donos para procurar um futuro melhor).
As palenqueras conservam a tradição da sociedade africana trazida a estas regiões sul-americanas durante a Conquista espanhola, quando à América do Sul chegaram os barcos cheios de escravos provenientes da África.
Pouco depois, na época da Colônia, começaram a aparecer nas altas montanhas os palenques, isto é assentamentos onde se reuniam os negros cimarrones ou os rebeldes quando escapavam de seus donos. A palavra palenque se converteu no símbolo da liberdade, já que toda pessoa que chegava a fazer parte de um palenque, era automaticamente livre.
Desde o século XV, San Basilio de Palenque é considerado o primeiro povoado de escravos livre na América do Sul e o berço da riqueza cultural africana no território colombiano.
Organização social
Os palenqueros vivem numa organização social herdada de seus ancestrais africanos: os “ma-kuagro”, de acordo com a qual toda a sociedade se divide em grupos de idade, o que permite a divisão de trabalho, a proteção do território, a conservação das tradições baseadas na honestidade, na solidariedade e no espírito coletivo.
Outra forma de organização social, igualmente presente em San Basilio de Palenque, é a “junta” que se constitui a base de um propósito concreto (por exemplo alguma doença) e desaparece, uma vez o objetivo tenha sido alcançado.
Idioma
A língua palenquera é o único idioma crioulo no mundo criada à base do espanhol com elemêntos africanos. A língua palenquera é uma língua crioula criada à partir do léxico do espanhol com características morfosintáticas das línguas autóctones do continente africano, sobretudo da família banto. Os pesquisadores detectaram também que o léxico palenquero possui palavras provenientes de kikongo e kimbundu. Este tipo de idiomas crioulos se criou como resposta à impossibilidade de comunicação entre os europeus e os diferentes representantes do continente africano trazidos a América do Sul e pertencentes a diferentes famílias linguísticas.
Música
Além do idioma, no palenque se conservou a música africana e a tradicional forma de fabricação de instrumentos para interpretá-la, como tambores (os mais conhecidos são: o pechiche, o bongó, a timba, o bombo, o llamador e o alegre), a marimbula e as maracas.
Vale a pena também ler o relato da blogueira Marjorie Chaves: Afrocolombianas de San basilio de Palenque: uma experiência de resistência e liberdade. http://blogueirasnegras.org/2014/07/14/afrocolombianas-de-san-basilio-de-palenque-uma-experiencia-de-resistencia-e-liberdade/
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